Entrevista a Inês Pinto
Internacional pelas camadas jovens de Portugal desde o seu primeiro ano de Sub16, a jovem Inês Pinto tem sido uma das grandes referências individuais da sua Geração. Começou a jogar no SC Coimbrões onde alcançou inúmeros sucessos individuais e colectivos, mudando-se depois para o CPN onde tem actuado pelas equipas de Sub19 e Seniores. Jogadora com uma enorme capacidade de sacrifício, e com um querer imenso, Inês Pinto é daquelas atletas que nunca vira a cara à luta e dá sempre o tudo por tudo para que a sua equipa alcance os objectivos definidos.
Com um discurso ponderado, Inês demonstra uma maturidade natural de que teve de, rapidamente crescer como pessoa pelos anos passados em Centros de Treino. A esta maturidade junta ainda a ambição de vir a jogar no estrangeiro.
Eis então, Inês Pinto em discurso directo.
Depois de vários anos a jogar no Coimbrões, decidiste mudar-te para o CPN. Porquê esta mudança na tua carreira?
À medida que fui crescendo como atleta os meus objectivos começaram a ser outros e achei que o C.P.N. seria o melhor para o meu futuro.
A saída não foi nada fácil, no Coimbrões tive muitos êxitos quer a nível colectivo (campeã nacional e duas vezes vice - campeã nacional) quer a nível individual (integrei no C.N.T enquanto estava no coimbrões), mas achei por bem arriscar e assim o fiz.
Fui muito bem recebida e não me arrependo de ter feito esta escolha.
Para quem não conhece ou para quem vê de fora, Agostinho Pinto é um treinador que vive os jogos com grande intensidade. Como é trabalhar com ele?
Trabalhar com o Agostinho Pinto é um orgulho, uma das razões pelo qual mudei de clube foi porque no C.P.N. seria treinada por um dos melhores treinadores portugueses. Claro que a sua forma emotiva nos jogos pode causar algum nervosismo, mas penso que já consigo lidar bem com isso, é uma questão de hábito.
Os Centros de Treino têm feito parte da tua vida nos últimos anos. Para ti, quais os principais pontos positivos e negativos de estar integrada num Centro de Treino?
O ponto que considero mais positivo e o mais evidente é o factor basquetebol: num centro de treino evolui-se muito mais que num clube, pois treinamos todos os dias e isso já faz com que melhoremos, mas para além de crescermos como jogadoras acima de tudo crescemos como pessoas.
Agora no plano negativo, acho que o pior é mesmo ter que deixar um pouco a nossa vida para trás, principalmente a família, essa foi a parte que mais me custou, mas são sacrifícios que depois são recompensados, e como se torna uma experiencia relativamente difícil faz com que no fim a recompensa seja ainda melhor.
Com treinos, viagens e jogos por duas equipas ao fim-de-semana, consegues conciliar o basket com os estudos, principalmente numa fase decisiva da tua vida de estudante?
Conseguir consegue-se sempre. Por vezes não é fácil mas arranja-se sempre tempo, porém os resultados não são os esperados e podem acabar por prejudicar bastante a média de final de curso, ainda por cima agora que não há estatuto as coisas complicam-se bastante.
Uma das regalias, se calhar a regalia mais importante a nível académico, foi-nos retirada sem mais nem menos e deixou-nos entre a espada e a parede, e neste último ano temos de recuperar aquilo que, em parte, foi perdido nos últimos 3 anos.
Desde que entraste para o Centro de Treino de Calvão, em que parte do teu jogo pensas ter evoluído mais?
Sem duvida na defesa, o trabalho que foi feito no Centro de Treino de Calvão (e que penso que ainda se faz) é principalmente baseado numa boa defesa e num jogo bastante rápido. Quando fui para o C.N.T. era muito inexperiente e para não me sentir inferior tive de me esforçar e penso que foi aí que cresceu a vontade de defender.
Durante as Férias de Verão costumas aproveitar para melhorar algum aspecto do teu jogo, ou depois do Europeu só tens vontade de descansar?
Do tempo que me resta só tenho mesmo vontade de descansar, pois o europeu é muito desgastante tanto a nível físico como emocional, e aproveito assim para ter as merecidas e desejadas férias.
Por falar nos Europeus, ter sido capitã da Selecção de Sub16 representou algo de especial para ti?
É sempre especial quando somos destacadas para tal cargo, cargo esse que exigia muito de mim, mas penso que acima de tudo foi uma experiencia enriquecedora e da qual obtive muitos frutos.
Penso que me ajudou a nível de carácter pois como capitã tinha que me impor mesmo que essa não fosse a minha vontade, mas tive sempre o apoio das restantes colegas.
A tua companheira de sempre, a Joana Jesus, foi recentemente chamada a um estágio da Selecção Nacional de Seniores. Para ti e para as restantes jovens, isto representa mais uma motivação para continuar a trabalhar e esperar um dia ter uma oportunidade destas?
É sem dúvida um sonho para qualquer atleta chegar à selecção sénior, então quando somos juniores de segundo ano penso que até sabe melhor, e claro que isso faz com que haja uma enorme motivação para continuar a trabalhar para que chegue a nossa vez.
Quando essa oportunidade aparece à minha companheira de equipa só tenho que ficar feliz também, porque no trabalho entra o meu também (sem menosprezar o valor individual dela). Dizer-lhe também para a aproveitar, mas quanto a isso não tenho qualquer dúvida que o tenha feito.
Apesar de não seres uma jogadora muito alta costumas ter bons desempenhos ao nível dos ressaltos e da defesa a jogadores de maior estatura. Achas que o querer, o espírito de sacrifício e o esforço ajudam a superar a falta de centímetros?
Penso que o querer está na base de tudo e claro o trabalho e o espírito de sacrifício ajudam bastante a ultrapassar a minha estatura. Tenho algum sucesso a defender pois gosto imenso de o fazer, o que não é muito vulgar.
Juntando o querer, o espírito de sacrifício e também alguma experiencia que vamos tendo ou orientações/dicas que nos são dadas acho que no fim temos os principais ingredientes para ter sucesso na defesa.
No que diz respeito aos ressaltos só tenho a dizer que o que é importante é querer.
O teu Clube está a competir na 1ª Divisão Feminina. Tens o objectivo de chegar à Liga, ou a patamares ainda mais elevados?
O meu objectivo como jogadora é jogar no patamar mais elevado que Portugal tiver para me oferecer, mas também gostaria de jogar um ano fora do país.
Mas por enquanto, na 1ª divisão Feminina, o meu objectivo é fazer de tudo para que a minha equipa esteja a lutar pelos lugares do topo da tabela, este ano não foi fácil, mas acredito que melhores anos virão.
quarta-feira, 18 de maio de 2011
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